(Fonte da imagem: NearBytes)
O norte-americano
Salim Ismail, embaixador e professor da
Singularity University,
chamou a atenção da imprensa nacional ao afirmar, no ano passado, que
“o próximo Steve Jobs poderá sair do Brasil”. Ismail, que participou da
sexta edição da Campus Party,
acredita que o engajamento e criatividade dos jovens brasileiros serão
características importantes para que o país se destaque em breve no
mercado de inovação tecnológica.
Ainda que muitos tenham encarado a mensagem como um pensamento
equivocado por parte do acadêmico, não há como negar que os últimos
tempos têm sido gloriosos para o cenário da tecnologia tupiniquim.
Torna-se cada vez mais fácil encontrar
startups inovadoras
e grandes empreendedores oferecendo produtos de sucesso não apenas para
consumidores brasileiros, mas também para o público internacional.
A
NearBytes é
um ótimo exemplo disso. Com menos de três anos de existência, a startup
carioca já acumula dezenas de prêmios, centenas de usuários e
incontáveis aparições na mídia internacional – tudo por conta de uma
invenção inusitada capaz de alterar radicalmente a forma com que nossos
dispositivos eletrônicos se comunicam entre si.
(Fonte da imagem: NearBytes)
O que é a NearBytes e como ela começou?
A NearBytes é uma startup um tanto recente – foi idealizada em 2012,
quando o time por trás do invento estava procurando uma maneira mais
simples de permitir a troca de dados entre diferentes smartphones. A
ideia original era bastante modesta: a equipe estava criando um álbum de
figurinhas digitais e precisava encontrar uma forma de permitir que os
colecionadores compartilhassem seus selos por intermédio de celulares. O
Bluetooth, o
NFC e o infravermelho não satisfizeram as necessidades do projeto.
Foi então que nasceu a ideia de transmitir dados codificados em ondas
sonoras, ideia que permitiria a interação até mesmo entre dispositivos
móveis mais antigos e acessíveis – afinal, todo e qualquer celular é
dotado de microfone e alto-falante. A equipe abandonou o projeto do
álbum e resolveu focar em outras áreas nas quais a tecnologia teria
maior utilidade.
Em junho de 2013, o primeiro SDK do NearBytes foi disponibilizado
para os sistemas iOS e Android, com o intuito de incentivar o
desenvolvimento de soluções que utilizassem a plataforma. Hoje, a
empresa já conta com mais de 600
developers cadastrados ao redor do mundo inteiro.
A companhia também desenvolveu um modelo de licenciamento comercial,
no qual cada dispositivo ativado com a tecnologia custa US$ 0,26 ao
desenvolvedor/corporação. Além disso, já estão disponíveis plugins
gratuitos para os principais browsers do mercado (
Google Chrome,
Mozilla Firefox,
Opera e
Internet Explorer) que permitem a interação entre smartphones e páginas da web.
Plugins para navegadores permitem a troca de informações entre smartphones e páginas web (Fonte da imagem: NearBytes)
Indo muito além
Entre as outras inovações desenvolvidas posteriormente pela
NearBytes, destacam-se sobretudo o NearLogin e o NearPay. O primeiro
consiste em seu sistema de login que lhe permite usar seu smartphone
para realizar autenticações em sistemas que exijam alto nível de
segurança, como caixas bancários e totens de autoatendimento. O NearPay,
por sua vez, resume-se em uma solução de pagamento digital que pode ser
integrado em carteiras virtuais (
wallets) e possibilita a transferência de valores até mesmo quando os dispositivos envolvidos estão sem conexão com a internet.
E não para por aí. A companhia continua fazendo experimentos
inovadores e expandindo sua área de atuação até mesmo para o mundo
offline. No vídeo abaixo, por exemplo, você confere uma demonstração da
tecnologia sendo utilizada para abrir uma fechadura elétrica composta
por um
Raspberry Pi e microfone integrado. Para o ano de 2014, está prevista também uma SDK para
Windows Phone, que já foi aprovada nos testes finais e está atualmente passando pelo processo de documentação.
E como funciona?
Simples: a tecnologia NearBytes baseia-se na codificação de bytes em
sons de alta frequência que são inaudíveis para o ser humano. Essas
ondas sonoras podem ser emitidas e captadas por qualquer dispositivo
equipado com o software da plataforma (SDK ou Web Plugin), permitindo a
troca de dados por qualquer aparelho dotado de um microfone e
alto-falante simples.
Comparado com o NFC, o protocolo tem a vantagem de ser compatível até
mesmo com gadgets antigos e não demandar pareamento. Além disso, o
NearBytes agrega uma camada de segurança adicional e não exige que o
celular esteja conectado em uma rede de internet (WiFi, 3G ou 4G).
(Fonte da imagem: NearBytes)
Quem já usa?
O
S-Contact,
aplicativo desenvolvido pela TOTMob, é um excelente exemplo de case de
sucesso que utiliza a tecnologia NearBytes. Disponível gratuitamente
para
Android e
iOS,
o programa permite que você crie cartões de visita virtuais e
compartilhe-os com outras pessoas usando o protocolo criado pela startup
carioca. Basta que ambos os equipamentos sejam dotados do conjunto
“microfone + alto-falante” para que você possa enviar ou receber
contatos profissionais e acabar com o gasto desnecessário de papel.
Outro app bastante interessante que faz uso do NearBytes é o Fala Gigante, que também está disponível tanto na
Google Play quanto o
App Store.
Criado no calor dos protestos que abalaram o Brasil ao longo do segundo
semestre de 2013, o software permite a criação e compartilhamento de
frases relacionadas às manifestações.
E com os esforços, vem o reconhecimento
Desde o lançamento de sua primeira SDK, a tecnologia NearBytes vem
sido assunto de reportagens não apenas de veículos nacionais, mas também
da imprensa internacional especializada. Participando de uma infinidade
de concursos da área de empreendedorismo tecnológico, a companhia
coleciona premiações desde a sua fundação.
A conquista mais recente veio neste último sábado (8): a NearBytes
foi classificada como uma das quatro selecionadas no concurso
U-Start Conference,
cujo prêmio é uma viagem para Milão com o intuito de que as
organizações possam apresentar suas ideias para investidores
internacionais.
Vale observar que a startup sobreviveu até agora com seu próprio
capital, e seu principal foco agora é encontrar investimento e parceiros
tecnológicos para dar prosseguimento às suas pesquisas. Pois é: ao que
tudo indica, Ismail estava mais do que certo ao afirmar que o próximo
talento empreendedor será originário do Brasil. E você, também acha que
essa ideia tem futuro?
fonte
NearBytes